quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Entrevista: Professor e pró-reitor Marcelo Maia

Nem me lembro mais o mês. Sei que estávamos tendo aula de Atelier e devido a uma chuva muito forte, ficamos sem internet e a aula não teve como continuar. Resolvemos então fazer uma entrevista com nosso professor, na época, e pró-reitor Marcelo Maia. Mais bate-papo que entrevista mesmo, sairam assuntos dos mais diversos. No meio da conversa uma conclusão: Os arquitetos vão dominar o mundo!!!

Expurgância: Oque é ser pró-reitor?

MM: É mais uma parte de gestão. Tem a pró reitoria academica que cuida mais da parte acadêmica, conteúdo dos cursos, professores, disciplinas, é mais essa parte. E tem a pró-reitoria administrativa que cuida da parte administrativa , infra-estrutura, dinheiro.

E: E você é da academica?

MM: Sou da parte academica.

E: Trabalha sozinho?

MM: Não. Tem mais gente. Tem o pró-reitor acadêmico, administrativo e o reitor. Comigo na pró- reitoria acadêmica tem 4 coordenadores das áreas interdisciplinares (Arte e Tecnologia/Biociencias/Nucleo de formação de professores/Gestão Social). Trabalho junto com essa equipe mais a coordenação de Ead e a coordenaçao da educação continuada. A gente trabalha junto com os cordenadores de curso e os professores.

E: Só em BH?

MM: Só em BH. Basicamente aqui e no campus Venda Nova.

E: Como chegou nesse cargo?

MM: Eu cheguei no Izabela em 2006 através de um concurso. Entrei na coordenaçao do curso de design onde fiquei uma ano. Nesse tempo houve a mudança de reitor, entrou o Jaime com quem eu trabalhei por um tempo e ele me convidou para ser coordenador de ensino por um período inicial. Eu fiquei um tempo nessa coordenacao de ensino, tive um tempo em outras universidades, seis meses depois que eu voltei ele me convidou pra esse cargo de pró-reitor acadêmico e comecou a montar a equipe. Já faz 3 anos. Engraçado que eu nunca pensei em ser isso e é interessante. Um trabalho bastante instigador. Pensar o tempo todo em alternativas, criar coisas novas.

E: Conte um pouco sobre a sua formação?

MM: Formei no Izabela em 98 em arquitetura. Tenho mestrado em arquitetura pela USP e estou cursando doutorado em arquitetura também Tenho previsão de terminar dentro de um ano e meio.

E: Porque estudou arquitetura?

Sempre gostei, sempre construi coisas, nunca tive duvida. Tanto que na época do vestibular eu tava com duvida qual seria a segunda graduação que eu queria fazer, porque eu era muito empolgado e queria fazer dois cursos. Ai eu fazia comunicação de dia na Federal e arquitetura aqui no Izabela a noite, por isso que eu vim pro Izabela.

E: E você é formado nos dois?

MM: Não. Depois eu larguei comunicação. Eu vi que eu gostava mesmo era da arquitetura e fiquei só aqui.

E: E depois de formado?

MM: Mais pro final do curso começei a participar de muitos concurso, tem que fazer mesmo. Um que eu fiz eu ganhei. E a premiação era uma viagem para a europa, o custo da viagem pra uma semana e a passagem áerea pra classe executiva que na epóca era uma valor absurdo. Ai eu e um amigo resolvemos pegar o dinhiero da passagem e ficamos na europa 4 messes, que foi uma experiencia boa tb. Ai quando eu voltei meus pais tavam morado no nordeste e acabei me envolvendo com umas organizações de lá. Fiz muito serviço voluntário lá. Organização de levantamento socio-patrimonial de ações dessa Ong de periferia e interior do Nordeste. Levantamento arquitetônico, análise do entorno, foto, cotidiano, análise socio- economica e tb das edificações arquitetônicas. Por causa disso eu acabei pegando uns projetos por lá de escola, creche. Pessei um tempo conhecendo o Nordeste. Aqui em bh eu trabalhei muito mais com arquitetura de interiores. Fui sócio do Heraldo Pinheiro que tinha um escritório e chegamos a fazer franquias de lojas, no interior de minas, alguns projetos...

E: Como virou professor?

MM: Em 2004, 2005 fui convidado por uma amiga para formar um grupo para montar um curso de arquitetura no vale do aço, na Uni-leste. Montei uma equipe e fui pra lá. Cheguei logo no início. Montamos o curso e fiquei lá por 5 anos, depois vim pra BH e fiquei só aqui. A Simone Cortezão ( professora do izabela) formou lá.

E: Como vc acha que a arquitetura vai caminhar daqui pra frente?

MM: A profissao do arquiteto e uma das que tem mais chance de contribuir com tudo e de certa forma é o mais cego para todas as possibilidades de contribuiçã que ele pode ter. Porque todo mundo quando forma em arquitetura, a única coisa que ele consegue enchergar é que ele pode fazer um desenho, um projeto, e se você for olhar são muitas as coisas possíveis com o estudo da arquitetura. Eu acho que a arquitetura é muito mais que projetar um edificio. Arquitetura é talvez muito mais uma ciencia do espaço, talvez esteja muito atrelada com a geografia, mas é uma ciência do espaço contruido, edificado. A geografia tem um outro tipo de olhar mas não deixam de estar interligados, economia também. Mas se você for ver, é uma ciência misturada com a geografia, economia e no meio dessas coisas estão gestão, ciências administrativas e ainda arte, que é pura criação, design, ou seja, qual profissão que consegue convergir tanta coisa? A arquitetura está muito ligada a arte, que por sua vez está muito ligada a tecnologia. No fundo arte e tecnologia são a mesma coisa. Acho que a sociedade moderna que deu um jeito de separar as coisas, mas se você olhar na história você percebe claramente que as duas são a mesma coisa. A tecnologia e um processo artístico. Leonardo da Vince já fazia tenologia e arte. Separar tecnologia da arte é coisa de modernismo, não , de tempos modernos, mundo moderno. Se vc for reparar bem não tem outro profissional que dá conta de articular tantas áreas, tantas coisas e ser tão propositivo. Mas o que eu vejo é muita gente saindo da escola de arquitetura, e não aproveitando dessa convergência de conteudos e conhecimento e não serem propositivos, num mometo tão propositivo. Em nenhum momento são propositivos, são tarefeiros. É isso que eu vejo. Os arquitetos preferem ser tarefeiros que serem propositvos.

E: Mas você não acha que tem uma questão de segurança financeira ? As vezes é mais seguro ser tarefeiro que propositivo.

MM: Sim, tem, mas se você não é tarefeiro, voce é inventivo, é produtivo. Você tem que estar atento ao momento de sair do tarefeiro e passar pro propositivo. Porque eu acho que todo mundo vai passar pelo momento tarefeiro e e ele é importante. Na hora que vocês forem fazer estágio, vocês vão ser tarefeiros. Não tem como fugir disso. Não tem como aprender a fazer projeto de arquitetura sem fazer estágio. É lá que vocês vão aprender a desenhar bem, fazer projeto detalhado. Não é aqui que vocês vão aprender isso. Na faculdade voces não vão aprender direito. Eu aprendi em estagio, todo mundo que aprendeu, aprende em estagio. Não existe curso que dá conta de fazer isso.

E: Eu também acho que se você é um bom propositivo você consegue se manter.

MM: Exatamente. Você tem que ver a hora de pular fora do tarefeiro. Se voce for ver uma serie de coisas, ai eu acho legal até fazer uma pesquisa. Se você relacionar o que arquitetos tem feito ultimamanete. Se você for pegar um tanto de gente que tá fazendo coisa bacana, quais delas são arquiteto? As vezes eu fico vendo umas coisas bacanas que são feitas ou acontecem sei que tem um arquiteto por tráz. O mais legal é que nunca parece que é arquiteto, porque as pessoas estão acostumadas a ver o arquiteto como o cara que desenha, faz o prediozinho e a casa. Talvez você nunca vá enchergar, mas um dos maiores cineastas que a gente tem no cinema atual, é arquiteto. Se vc for pegar, não sei, gente que ta fazendo design de moda, restaurante e bar bacana, é arquiteto.

E: Os arquitetos vão dominar o mundo!

MM: O que é muito legal de perceber é que a arquitetura não é um curso que você entra pra te limitar. Se você quer um curso que vai te limitar vai fazer um de tecnologo, 2 anos, que você vai poder edificar e projetar prédios ou design de interiore. Tá entendendo oque eu to falando? Que é uma formação direta pro mercado profissional. Arquitetura não é um curso que forma direto pro mercado profissional. É igual direito. Quem forma em direito, pode fazer muita coisa. Administração também. Não são áreas de atuação restritas.

E: A gente percebe que suas aulas estão sempre ligadas com tecnologia. Blog, celulares, GPS. Porque?

MM: Não sei. Acho que é um interesse. Acho que o curso de arquitetura te leva a se envolver com a tecnologia de alguma forma. Ou você vai se envolver com a tecnologia digital, ou uma área de tecnologia construtiva, de materiais, mas a tecnologia está muito ligada a arquitetura, principalmente no processo criativo. Você depende da tecnologia . Boa parte do meu envolvimento com a tecnologia é pra produção industrial. Boa parte de uma trabalho que eu tenho que vocês não conhecem tem a ver com a produção de arte digital, vídeos, fotografia.

E: Quais disciplinas você já deu o izabela?

MM: Aqui foi Manipulação de imagem, Estudio 1, esse Atelier (Atelier 3).

E: Sempre ligado a video, a foto, ou não?

MM: Não. Introdução a arquitetura por exemplo era uma materia mais teórica.

Rapidinhas:

Um livro: (posso citar 2?)
1. Introdução ao pensamento complexo de Edigar Morin
2. Emergência – Dinâmica entre computadores, cerebros, formigas e cidades.

Um arquiteto: São vários. É dificil escolher um. Tenho uma lista.
1. João Villanova Artigas.
2. O escritório mvrdv

Uma cor: Vermelho

Um filme: Cidade dos Sonhos

Uma música: Had or Have - David Linth

Um projeto:
Vários. MVRDV
JK – Niemeyer
Posso falar mais projetos?

Pintor: Portinari

Acabou????